sexta-feira, 19 de março de 2010

A violência policial continua impune

Foi hoje [ontem] a enterrar Nuno Rodrigues, mais conhecido no meio artístico como MC Snake que caiu sob as balas da PSP na madrugada de domingo para segunda-feira, por alegadamente ter “desrespeitado sinais regulamentares de paragem de uma operação stop”, segundo a versão oficial da polícia.

A morte de Nuno Rodrigues relança com uma urgência inadiável a necessidade de um debate sério sobre a violência policial. Nos últimos dez anos, foram dezenas as mortes de jovens dos bairros nas mãos da Polícia de Segurança Pública, sem que isto tenha acarretado nenhuma consequência para os criminosos.

O Estado português tem seguido a politica da avestruz, enfiando a cabeça na areia par não ver a realidade nua e crua dos rastos de mortes que a actuação das forças de segurança vai semeando nas comunidades socialmente mais marginalizadas.

Numa democracia que se preze, nenhuma autoridade, seja ela policial ou judicial pode decretar a pena de morte por desobediência! Mas foi o que aconteceu com o Nuno e já aconteceu com muitos outros jovens dos bairros pobres!

A sentença de morte do Snake e de tantos outros que já sucumbiram às balas da policia está inscrita no preconceito racista e na impunidade que grassam nas instituições em geral e, na PSP em particular. À segregação espacial, social, económica e sobretudo cidadã a que estão votados estes jovens juntam-se inaceitavelmente as frequentes execuções sumárias da polícia!

Já tivemos o Tony, o Kuku e tantos outros e, como que uma fatalidade e curiosamente são todos jovens dos bairros sociais que caíram das balas da policia!

E à cada violência policial que resulte em morte, as autoridades aparecem sempre com justificações oficiais que, além de falaciosas, são insultuosas para dignidade humana. Já ouvimos de tudo da sua boca, desde da inexperiência que foi agora invocada até, pasme-se, do desconhecimento do “ carácter letal” das armas usadas!

Os números da IGAI, ontem divulgados pela imprensa, sobre as mortes que resultam da actuação das forças de segurança não só colocam Portugal na triste lista dos países europeus com mais mortes na sequencia de perseguições policiais, como estão longe de evidenciar a dura realidade da violência policial sistema contra os jovens nos bairros! De certeza, que não constam destas macabras estáticas as mortes por espancamento em esquadras ou nas zonas menos iluminadas dos bairros e/ou por despiste após frequentes perseguições de carro.

Esta última morte, além de exigir um apuramento dos factos reais e das consequentes responsabilidades judiciais, obriga a uma resposta politica que não tem existido por parte do Estado português. O cinismo político com que o Estado português tem gerido este flagelo da violência policial exige uma mobilização de tod@s para criar os mecanismos que permitam conhecer, divulgar e fiscalizar todas as arbitrariedades cometidas pelas forças de segurança. O papel do Estado é garantir a segurança a tod@s e não se transformar num foco de insegurança para determinadas camadas sociais da sociedade, por apenas serem diferentes, como tem vindo a acontecer nos últimos anos e de que a morte do Nuno Rodrigues é a maior evidência.

SOS RACISMO

18-03-10

9 comentários:

  1. ...e ainda continua a haver quem pense que somos livres...

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  2. Tive desde sempre um problema em aceitar a autoridade imposta. As forças, sejam policiais ou militares, sempre me levantaram muitas questões e não acredito nelas. Considero-me uma pessoa de bem, que tem as suas convicções, e entre elas a convicção que há um abuso permanente da autoridade pelos agentes que têm a função de a impôr.
    Mas por muito que eu acredite naquilo que penso, conheço também a realidade onde vivo (onde vivemos) e portanto tenho que manifestar e defender as minhas convicções e ao mesmo tempo seguir as "regras do jogo". Quero com isto dizer que, se eu fosse mandado parar numa operação stop nas Docas, não iria fugir. E mesmo que o fizesse, sendo eu uma pessoa de bem, o nervosismo de ter um carro de polícia no meu encalce faria com que parasse 1 ou 2 kms mais à frente... não em Benfica... com disparos pelo meio. Deve-se ter em atenção que se está a falar de uma perseguição policial que se estendeu por mais de 6 kms. Lamento a morte do Nuno, mas não acredito na violência policial neste caso. O Nuno foi mandado parar nas Docas e fugiu até Benfica! O Nuno sabia que uma fuga podia resultar nesta triste situação! Eu sei e não vivo num bairro degradado... sei porque vejo as notícias.
    Para além de lamentar a morte do Nuno Rodrigues, lamento o tratamento (e empolamento) dado pela comunicação social a uma notícia que, para mim, tem mais a intenção de incendiar que de informar.

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  3. Todos nós sabemos que em Portugal grande parte dos policias sâo analfabetos, ignorantes e imcompetentes. A isso e a politicas desastrosas de segurança devemos o flagelo da criminalidade que nos assola. Nâo conheço a história que aui se retrata em concreto, nâo vi e por isso pouco posso dizer e voces, estiveram? O que vos leva a criticar a acçao policial (quanto a mim contundente e prática) de abater um fulano que andou nao sei quantos quilometro fugido? Era mais um pobre coitado? Era. Sem dúvida. Um pobre coitado daqueles que diáriamente nos entram pela casa dentro e levam os plasmas, os pc´s e os restantes bens que cusam muito suor a quem trabalha. Vâo trabalhar malandros!

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  4. Pois se não conhece a história, não comente levianamente.
    No caso em apreço, sabe-se que os procedimentos de utilização de armas de fogo, em uso nas forças policiais, não foram cumpridos.
    Quanto à associação de Nuno Rodrigues a actos delinquentes, a sua posição ilustra bem o seu conceito de justiça e o seu carácter!...
    Nesta matéria estamos conversados.

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  5. Nunca estes "jovens" dos bairros problemáticos estâo associados á criminalidade. Sâo sempre vitimas da sociedade, de todos nós os malvados que passamos a vida a trabalhar e nâo no bairro a ouvir rap.
    Na sua cabeça, na cabeça do SOS RACISMO e na cabeça de outros que tais, nada destes acontecimentos delinquentes e criminosos existem. Nem o celebre arrastâo de carcavelos existiu, o que se passou foi que um grupo de jovens oriundos de bairros problemáticos foram até a praia protestar contra o aumento dos juros no crédito habitaçâo que todos eles pagam...eheheh.
    Agora percebo o porque do fim deste jornal. Os Portugueses já começam aos poucos a abrir os olhos no que a estas questôes de segurança e pseudo racismo diz respeito.

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  6. Pois, mas pese embora a sua má educação e o raciocínio de esgoto, não apagamos o seu comentário - mesmo encoberto pelo anonimato, como fazem todos os cobardes!

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  7. Lamento que um jornal criado por José Leite, jornalista competente que me habituei a ler no «Crime» , agora dê crédito aos racistas da SOS RACISMO-grupelho de extrema esquerda, liderado por um tal JOSE FALCAO já condenado pelos tribunais e que dentro em pouco se vai sentar de novo no banco dos réus.

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  8. Anonimato? Nâo, nada disso. Todos os meus comentários neste blog (2 comentários) foram postados utilizando uma conta do google. O meu nome está nos meus comentários, agora se você nâo me conhece, nada posso fazer.

    Quanto ao apagar os comentários, faça o favor, pode apagar aquilo que quiser, depois nâo ande é prai a elaborar posts a falar em censura neste pais.

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  9. Este blogue é um espaço de LIBERDADE. Mesmo quando discordamos, NÃO APAGAMOS NADA! A intolerância fica com quem a pratica.

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