domingo, 30 de agosto de 2009

Editorial


A(gosto) para todos?

Isabel Guerreiro
privado.iguerreiro@gmail.com

É verão. Os sentidos despertam. O sal deixa os corpos com sabor a mar. A areia queima. O mergulho refresca. E nesta silly season há estórias que os jornais se esquecem de mostrar e que não são, com toda a certeza, «palermices de Verão» entre Belém e São Bento.. Esta, quero ser eu a contar.
Em Agosto, nem todos os caminhos vão dar à praia… Pior: há praias sem caminhos, acessos interditos e areais a perder de vista – porém inacessíveis. É fim-de-semana. O sotavento algarvio é invadido por veraneantes que entram no campeonato «o meu bronze é melhor que o teu». A família Pereira também quer participar mas a dúvida surge quando alguém pergunta: «não sei onde poderemos ir». A questão não será de fácil resolução. Escolher uma praia é mais complicado do que parece. E não pense que se trata de uma discussão fútil! Depois de algum tempo de debate, a família ruma em direcção à Lota (praia vizinha de Manta Rota).
Aqui, foi este ano hasteada uma bandeira. Não é a monárquica do «31 da Armada». Em letras azuis pode ler-se «Praia Acessível/Praia para Todos». A aventura começa num passadiço de madeira. Mais adiante, um grupo de jovens voluntários aguarda, pronto para a ajuda. Após a mudança para a cadeira anfíbia, a família Pereira sorri: finalmente poderá entrar na água pela primeira vez este Verão. A felicidade é imensa e pouco compreensível para a generalidade dos «andantes».
O projecto quer tornar acessíveis as praias portuguesas (marítimas e fluviais) a todos os cidadãos com mobilidade reduzida. Para além de garantir segurança e vigilância, estas praias têm, obrigatoriamente, de cumprir determinados requisitos: acessos com rampas, serviços de apoio, corrimãos, instalações sanitárias adaptadas, lugares de estacionamento reservados a pessoas com deficiência, balcões rebaixados e mesas de restaurante de tamanho específico e sem obstáculos. É também desejável que estas praias sejam equipadas com cadeiras de rodas anfíbias (tiralós), e outros instrumentos auxiliares que permitam às pessoas com mobilidade condicionada, o desfruto do mar.Este grupo de jovens voluntários marca a diferença. Por isso merece ser conhecido/reconhecido. O episódio é raro. Mas não o devia ser. As praias, tal como as sociedades, teriam de ser para todos. E não o são. E a estória positiva que vos conto não deveria ser excepção neste mês de Agosto.


SP Nº9, 26 de Agosto 2009

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