sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Editorial

Chamam-nos sensacionalistas

Filipe Pinto
privado.fpinto@gmail.com

É verdade que apelamos às sensações, mas, ao fazê-lo, não cumprimos mais do que o nosso dever. A nossa missão não é «despejar» dados. A nossa missão é informar devidamente quem nos lê. Vivemos num tempo em que a Mentira é já uma Instituição – desde o governo aos grandes grupos económicos – e em que os factos, por si só, não chegam para fazer compreender a verdade. O jornalista é um meio de intervenção – é esse o nosso dever, mesmo que muitos dos da nossa classe, que vivem do «despejar» informação em palavras, vejam o assumir deste com desdém. Se a filha de um autarca consegue uma licença para instalar uma empresa num prédio devoluto, esta informação não basta para chegar ao conhecimento dos factos. É preciso chamar «ladrão» a quem o faz, porque, dessa forma, está no poder e no mercado de forma desleal para com os seus cidadãos. Se a lei obriga, aos milhares de trabalhadores a recibos verdes, a todos os meses pagar à Segurança Social o valor mínimo de €151.58 – quer aufiram ou não quaisquer rendimentos no mês anterior – e, ainda assim, não os protege com o direito ao subsídio de desemprego, entre outros, não basta informar que os trabalhadores a recibos verdes trabalham sob estas condições. Temos de «chamar os bois pelo nome» e dizer que temos um Estado, através da sua, ironicamente chamada Segurança Social, vampiro e ladrão do próprio povo, obrigando milhares, sem dinheiro e sem direitos, a manter, a título de exemplo, duplas e triplas reformas, salários e prémios milionários aos instalados do sistema. Milhares esses que estão completamente desprotegidos pelo mesmo. Se, para levar à compreensão da realidade, temos de interpretar os factos e ser, porque não, subjectivos, então não podemos nem vamos ter medo de o fazer. É maior a nossa responsabilidade, é certo, e sabemos que dificilmente vamos encontrar eco na sociedade aí fora. Mas um dever é um dever, e este é o nosso: ser a voz de quem não a tem, ser o dedo acusador que se levanta quando os outros têm medo. Se procura palavras bonitas ou prosas poéticas, não vale a pena passar desta página. Se procura o desconforto de quem não se ilude mais com as aparências, então vire a página e continue – fique connosco.

SP, Nº6, 5 de Agosto 2009

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