domingo, 30 de agosto de 2009

Inquietação


José Mário Branco

PONTA & MOLA


A culpa morre solteira

António Manuel Pinho

privado.apinho@gmail.com

A propósito da desgraça que foi a queda da arriba da Praia Maria Luísa, em Albufeira, ocorrem-me algumas observações que parecem ser pertinentes e que, infelizmente, trazem à memória outros casos e outras tragédias do nosso passado recente, mudando apenas as figuras e os figurões; que as vítimas, essas, têm de comum ser cidadãos pagantes votados ao maior dos desprezos por quem (des)governa.

Antes mesmo de qualquer explicação mais «técnica» sobre a ocorrência, o ministro do Ambiente avançou logo com uma medida: multar quem se coloque debaixo das arribas!? Ou seja, para esta burlesca figura do anedotário político, não interessa saber, de razão segura, as causas estruturais da queda, nem determinar (e punir!) quem são os responsáveis pela tragédia. A medida é simples, retirada do baú das preciosidades demagógicas: puna-se a populaça! E isto quando se sabe que a única solução prévia encontrada para afastar veraneantes (que, pelos vistos, não afastou), foi a colocação de um singelo aviso, ao invés de que seria óbvio: o isolamento cautelar do local, ou mesmo a interdição da praia.

Em Portugal é assim, depois do desfile cínico das «altas figuras do Estado», dos pesares lacrimejantes e da verborreia em uso para estas ocasiões, está claro que vai tudo ficar na mesma. O inquérito vai ser inconclusivo no apuramento de responsáveis e o desfecho óbvio é o de que a culpa foi das pessoas, que estavam onde não deviam... Em Entre-os-Rios a culpa foi também dos que passaram na ponte, em Évora a responsabilidade foi dos hemodializados, no Tua quem os mandou andar de comboio?

Vivemos num país em que a culpa morre solteira. E onde as vítimas nunca têm voz. Ainda se lembram do «Processo Casa Pia», remetido para as calendas da ineficácia judicial, que continua sem ter um desfecho à vista? Recordam-se, ainda, dos depositantes do BPP que continuam sem poder levantar as suas poupanças? Acreditam que alguma vez se vão encontrar os responsáveis pela súbita cegueira no Santa Maria? Sabem que os trabalhadores da Amadeu Gaudêncio - empresa de construção civil que entrou em processo de falência - continuam sem receber indmnizações porque o tribunal, apesar de as ter em depósito, nunca mais despacha o pagamento das verbas em dívida?

O problema é que os cidadãos têm a culpa! Queixam-se muito, mas, depois, na hora decisiva, dão sempre o voto ao próximo bandido que os vai enganar. Até um dia...

SP Nº9, 26 de Agosto 2009

Editorial


A(gosto) para todos?

Isabel Guerreiro
privado.iguerreiro@gmail.com

É verão. Os sentidos despertam. O sal deixa os corpos com sabor a mar. A areia queima. O mergulho refresca. E nesta silly season há estórias que os jornais se esquecem de mostrar e que não são, com toda a certeza, «palermices de Verão» entre Belém e São Bento.. Esta, quero ser eu a contar.
Em Agosto, nem todos os caminhos vão dar à praia… Pior: há praias sem caminhos, acessos interditos e areais a perder de vista – porém inacessíveis. É fim-de-semana. O sotavento algarvio é invadido por veraneantes que entram no campeonato «o meu bronze é melhor que o teu». A família Pereira também quer participar mas a dúvida surge quando alguém pergunta: «não sei onde poderemos ir». A questão não será de fácil resolução. Escolher uma praia é mais complicado do que parece. E não pense que se trata de uma discussão fútil! Depois de algum tempo de debate, a família ruma em direcção à Lota (praia vizinha de Manta Rota).
Aqui, foi este ano hasteada uma bandeira. Não é a monárquica do «31 da Armada». Em letras azuis pode ler-se «Praia Acessível/Praia para Todos». A aventura começa num passadiço de madeira. Mais adiante, um grupo de jovens voluntários aguarda, pronto para a ajuda. Após a mudança para a cadeira anfíbia, a família Pereira sorri: finalmente poderá entrar na água pela primeira vez este Verão. A felicidade é imensa e pouco compreensível para a generalidade dos «andantes».
O projecto quer tornar acessíveis as praias portuguesas (marítimas e fluviais) a todos os cidadãos com mobilidade reduzida. Para além de garantir segurança e vigilância, estas praias têm, obrigatoriamente, de cumprir determinados requisitos: acessos com rampas, serviços de apoio, corrimãos, instalações sanitárias adaptadas, lugares de estacionamento reservados a pessoas com deficiência, balcões rebaixados e mesas de restaurante de tamanho específico e sem obstáculos. É também desejável que estas praias sejam equipadas com cadeiras de rodas anfíbias (tiralós), e outros instrumentos auxiliares que permitam às pessoas com mobilidade condicionada, o desfruto do mar.Este grupo de jovens voluntários marca a diferença. Por isso merece ser conhecido/reconhecido. O episódio é raro. Mas não o devia ser. As praias, tal como as sociedades, teriam de ser para todos. E não o são. E a estória positiva que vos conto não deveria ser excepção neste mês de Agosto.


SP Nº9, 26 de Agosto 2009

O FIO DA NAVALHA


Bufaria

José Leite
privado.leite@gmail.com

O «jardim» anda agora alvoraçado com a probabilidade de o governo (será o SIS? O SIEDM? Um detective infiltrado? Um mordomo?) ter posto uma escuta (ou contratado uma «toupeira» - nós a pensarmos que «toupeiras» a descoberto só teriam sido detectadas lá pelos lados de Santarém…) para desvendar, por antecipação, o que se passa no Palácio de Belém. Coisa que não surpreende, ou não sejamos nós um povo de coscuvilheiros. Rezam as crónicas, que já D, Henrique tinha colocado espiões junto à mãe, D. Teresa, para saber o que ela congeminava contra ele… a PIDE escutava os opositores ao regime… quando não eram os próprios «traidores» a informá-la; …no PREC, o PC e as forças do bloco do Leste escutavam as «forças reaccionárias» à Revolução, diz-se que através de antenas montadas na embaixada da URSS e na da RDA, ao cimo da Alameda Afonso Henriques; mais recentemente, até um microfone foi descoberto no soalho do gabinete do Procurador-geral da República, no Palácio Ratton, ao que consta, devido às investigações do processo Partex – que acabou por ficar em «águas de bacalhau», provavelmente por envolver gente afecta à Maçonaria e ex-governantes. Foi uma gravação clandestina numa reunião que «chamuscou» Charles Smith e Sócrates no Caso Freeport e, pelos vistos, a «coisa» não teve grande gravidade, tendo sido desprezada pelos juízes que investigam o processo, não pela polícia inglesa, essa, sim, mais arguta e... descomprometida.

Há uma sensação instalada de que toda a gente escuta todo o mundo… Chega-se a desconfiar do nosso vizinho do lado, do «bufo» no local de trabalho que passa «dicas» aos administradores só para garantir o seu posto de trabalho; desconfiamos que o nosso telemóvel possa estar «armadilhado» por causa dos tais barulhos esquisitos audíveis no meio das conversas – até o PGR já se chegou a queixar disso - ,somos diariamente vigiados por câmaras de vídeo nos locais que percorremos, os bancos , as Finanças a porteira, sabem de cor e salteado a nossa vida. Para quê, então, matar a cabeça por causa desse «big brother» que nos vigia a todo o instante e assume múltiplas facetas?! Bem fez Sócrates ao comentar os desabafos vindos da presidência, sobre a existência de tenebrosas vigias, encarando-os como «brincadeiras de Verão». Não andamos nós a brincar às democracias há vários anos?


SP Nº9, 26 de Agosto 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Amanhã nas bancas, a Edição Nº9

Pedro Proença referenciado
nas escutas do «Apito Dourado»
«É O QUE A

GENTE COMBINOU»

> Na véspera do encontro que decidiria a Supertaça da época de 2003-2004, o presidente do FC Porto preocupava-se em saber quem seria o árbitro que iria dirigir o confronto que poria frente a frente FC Porto e União de Leiria. Assim sendo, nada como obter informações junto de Pinto de Sousa, o presidente do Conselho de Arbitragem.

ENGATES GAY NA A5

> Um ex-governante é uma das presenças assíduas entre os clientes da classe alta que usam a área de serviço de Oeiras para encontros sexuais.

É a primeira vez que o PCP assume
COMUNISTAS ASSOCIAM PEDROSO

E FERRO À PEDOFILIA

> O incómodo dominou as hostes socialistas. Um artigo no Avante! desanca Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues. Pedro Namora, em exclusivo para o SP, por sua vez, manifesta preocupação por arguidos andarem «à solta» e acredita que se podem safar através das brechas do «sistema». Uma polémica que está para durar, com a aproximação do desfecho do «Processo Casa Pia».

Filipa desvenda a sua intimidade com Simão Sabrosa
«NAMORAR É O SAL E O AÇÚCAR DO AMOR»

> Em Madrid, onde está há quase um mês, junto do marido e filhotes, Filipa Sabrosa faz-nos um balanço das férias, da estada em Espanha e da relação que está mais sólida do que nunca.

DE GUARDA A PRESO

> «Há horas do diabo», diz o povo e com razão. Que o diga também JD que, por essas horas obscuras e imperscrutáveis, viu a sua vida mudar de rumo, nos antípodas da sua circunstância, como se fora «o outro lado do espelho»… e toda a dor que isso comporta para quem pensava estar «do lado certo das coisas»…

Nuno da Câmara Pereira, cáustico
«HÁ UM LIXO POLÍTICO QUE TRANSITA

ENTRE OS GRANDES PARTIDOS»

> O presidente do PPM, que se vai coligar com partidos republicanos da Direita, nas autárquicas, surpreende-nos ao revelar a sua faceta de homem «da Esquerda moderna», adepto de Marx e da sua linha económica, considerando que o actual PSD é um «saco de gatos» em guerra civil há mais de dez anos.

«Cantares»


Joan Manuel Serrat & Joaquin Sabina

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mudança de Instalações

Decorrente do processo de crescimento do SP, e no sentido de centralizarmos todos os serviços (Administração, Redacção e Departamento Comercial), o Semanário PRIVADO vai estar, a partir de 31 de Agosto, em novas instalações: Avenida dos Maristas, 82-A, 2775-241 Parede, mantendo os mesmos contactos para telefones e fax.

sábado, 22 de agosto de 2009

Morreu o actor Morais e Castro

Este está a ser um ano trágico para o teatro português. Sábado, dia 21, o actor Morais e Castro, de 69 anos, faleceu no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, onde se encontrava internado.

Nascido em Lisboa a 30 de Setembro de 1939, José Armando Tavares de Morais e Castro destacou-se como actor e encenador. Estreou-se como actor em «A Ilha do Tesouro», dirigida por António Manuel Couto Viana no então Teatro do Gerifalto, e fez parte de grupos tão importantes como o Teatro Moderno de Lisboa, tendo sido também um dos fundadores do Grupo 4, juntamente com João Lourenço, Irene Cruz e Rui Mendes. Contracenou com os grandes actores da sua geração, como Armando Cortez, Carmen Dolores, Ruy de Carvalho ou Mário Viegas, com quem, na Companhia Teatral do Chiado, fez «À Espera de Godot», na Companhia de Teatro de Almada interpretou « Fazedor de Teatro», de Thomas Bernard, encenado por Joaquim Benite.

O seu trabalho na televisão também ficou conhecido, tendo participado em várias novelas e séries. Em 1958, com 19 anos, estreou-se na televisão participando na peça «O Rei Veado», realizada por Artur Ramos. Ultimamente, ficou mais conhecido do grande público como o professor na série «As Lições do Tonecas».

Era licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, pelo que também exerceu advocacia. Era um activo militante do Partido Comunista Português, chegando a receber Álvaro Cunhal em casa de seus pais quando o histórico comunista fugiu do Forte de Peniche.

Ponta & Mola

«Jornalismo de referência» lava mais branco...

António Manuel Pinho
privado.apinho@gmail.com

A manchete da última edição do SP passou «despercebida» na imprensa. Dois dias antes, o escândalo da aquisição de 42 novas viaturas, pela administração da TAP – e em tempo de crise -, abriu os noticiários das televisões. Porém, para elas, 1000 acidentes de trabalho em 2008; trabalhadores a dormir na empresa por não receberem subsídios de transporte, trabalhando entre ratos e baratas; e os escandalosos salários e subsídios dos dirigentes da TAP não tem relevância noticiosa.

Importante mesmo, é a «operação Tide» de branqueamento dos dirigentes da transportadora aérea, que assumiu parangonas de entrevista num «diário de referência». Aí, Fernando Pinto permitiu-se alfinetar no SP, mostrando-se indignado com a manchete e o «avião a pique»...

Uma das comissões de trabalhadores do grupo TAP, oportunamente, tomou posição: «É de estranhar que um órgão de comunicação social ao mostrar-se sensível aos problemas dos Trabalhadores, mostrando o 'lado negro da TAP', seja fortemente criticado publicamente, enquanto as administrações gozam da politização da comunicação social, e consequentemente do seu favorecimento (...)» - no entanto nenhum órgão de comunicação, à excepção deste que está nas suas mãos, transcreveu um parágrafo que fosse...

Entretanto, sabemos que num canal privado, uma peça sobre condições laborais num grande grupo económico, foi censurada e os jornalistas ameaçados de despedimento caso denunciassem o facto.

No canal público o SP não é mostrado em antena, como acontece com outras publicações, porque, segundo um escriba-responsável lá do sítio, «não se enquadra nos critérios editoriais definidos para a revista de imprensa da RTPN». Que critérios? Subjugados a alguma «conveniência política»?

O «jornalismo de referência» está ao serviço de quem sabemos – foi sempre assim, e assim sempre será! Nós, por cá, preferimos fazer um jornalismo a que os cidadãos têm direito. Doa a quem doer!

A empatia criada com os leitores é a melhor resposta ao cerco de silêncio. Cada euro despendido na compra do jornal, transforma cada leitor num «accionista» deste projecto de cidadania e comunicação.

SP Nº8, 19 de Agosto 2009

O Fio da Navalha



Justiça TGV

José Leite
privado.leite@gmail.com

António Marinho e Pinto, o polémico bastonário da Ordem dos Advogados, é bem capaz de ter razão quando afirma que há em Portugal uma justiça para os poderosos e outra para a plebe. Segunda-feira da passada semana, recebemos uma notificação do DIAP de Lisboa informando da abertura de um processo contra a minha pessoa e uma minha entrevistada, Daniela Azevedo, por causa das denúncias desta última afirmando ter sido vítima de negligência médica, no decorrer de uma operação de redução mamária na Clínica Milénio. O queixoso é o cirurgião plástico Ângelo Ribeiro, que interpôs a acção.
Quatro dias depois, a mesma caiu na redacção do SP, o que não deve deixar de constituir um recorde em termos de despacho processual. E isto já contando com o facto de estarmos em férias judiciais e o fim-de-semana – entre a apresentação da queixa, abertura do processo e notificação aos potenciais arguidos é obra! E ainda se fala numa justiça morosa, pouco eficaz e cega. Longe de mim pensar que esta velocidade, tipo TGV, tenha a ver com o facto de o queixoso – que está no seu direito em se insurgir, isto depois de lhe termos dado a palavra para se defender no artigo, como impõem as regras deontológicas – ser uma pessoa conhecida da sociedade, um VIP, presença habitual nos programas de TV e que tem como pacientes pessoas de extractos sociais elevados, certamente desde magistradas a actores de novela e figurões daqueles do «croquete» que se pavoneiam em festas sociais. Mas esta pressa cheira a esturro. Ainda para mais, facto caricato, quando é o próprio DIAP a solicitar que lhe enviemos um exemplar do jornal onde o «crime» foi cometido… a justiça anda mesmo pelas ruas da amargura, nem sequer pode despender um euro que é quanto custa um exemplar do SP para chamar a si a prova do crime.Com alguma ironia, é caso para perguntar: e se se tratasse de umhomicida, também lhe iriam pedir para enviar a arma do crime, a Glock, uma naifa ou o frasquinho de veneno ?... Ou um denunciado do «colarinho branco», será que lhe solicitavam o computador ou o username que utilizou para apurar o processo de transferência da «massa» para um paraíso fiscal?
Posto isto, acredito que Marinho e Pinto tem toda a razão. Que a voz acusatória nunca lhe doa!

SP Nº8, 19 de Agosto 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Edição Nº8, amanhã nas bancas

A edição de 19 de Agosto do SP revela, em manchete:

DOCUMENTOS APREENDIDOS A OLIVEIRA E COSTA FAZEM CÂNDIDA ALMEIDA REABRIR O CASO SIRESP
600 MILHÕES A ARDER
... e quem paga é o contribuinte

O Semanário Privado sabe que a procuradora-geral adjunta, Candida Almeida, quer reeniciar a investigação do SIRESP, a negociata que remonta a 2005 e ainda ao governo em gestão de Santana Lopes, com Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN e à época o líder da holding Sociedade Lusa de Negócios (SLN), e Daniel sanches, antigo ministro da Administração Interna, como protagonistas. Na mira da procuradora está o polémico contrato de adjudicação no valor de 600 milhões de euros. As ligações atingem, também, Dias Loureiro, ex-conselheiro de estado. Ao SP, o presidente da Liga dos Bombeiros (LBP), Duarte Caldeira, diz que acha que o negócio «é estranho» e que o SIRESP «está parado»...


Pode, ainda, ler:

PIRES DE LIMA AO SP
«SÓCRATES não morrerá pobre como o Salazar»

Aos 73 anos, o advogado ainda se indigna com a «falta de verdade» e de «coerência» dos políticos. Tem dúvidas que o «caso Freeport» venha a ser esclarecido, diz que não vai votar nas autárquicas e lamenta que se esteja na vida partidária para defender interesses pessoais.


MITOS URBANOS
Boca-de-palhaço aterroriza jovens no Bairro Alto

Uma falsa história corre os correios electrónicos e semeia o pânico, sobretudo entre a juventude. Uma jornalista da Impala é, de forma indevida e abusiva, associada ao falacioso texto. Teve de desacticar o telefone «para evitar maiores problemas», conta ao SP. Mitos urbanos propagam-se por e-mail.


DESCOBRIMOS
A aldeia do Astérix em Portugal!

Em Couto de Dornelas, o povo é quem mais ordena...
até o padre se pirou...


POR QUE NÃO SAI ESTE HOMEM DA PRISÃO?

Vamos falar do António Ferreira, 69 anos de idade, preso desde 1994, ou seja, enclausurado há 15 anos, sem nunca ter beneficiado de uma saída precária, sem se vislumbrar se alguma vez alcançará a liberdade…Nesta altura, estará o leitor a questionar: «o que fez este homem? Quantas vitimas assassinou? Quantas mulheres violou? Quantas pessoas torturou ou mutilou? De quantas crianças abusou?» Afinal, o que fez este homem para estar preso há tantos anos sem uma oportunidade de «reintegração»?!
Ao mesmo tempo que libertam psicopatas e violadores, os Serviços Prisionais e o Tribunal de Execução de Penas, mantêm encarcerado um sexagenário que não constitui qualquer perigo para a comunidade.


«Big Brother» vigia edifícios do Fisco

A «paranóia securitária» nos edifícios da Direcção de Finanças, em Lisboa, está a levar dezenas de funcionários ao desespero. Queixam-se de claustrofobia e duvidam da constitucionalidade da medida.

domingo, 16 de agosto de 2009

Trabalhadores denunciam mais um escândalo

O LADO NEGRO DA TAP

Trabalhadores «convivem» com baratas e ratos. Dormem na empresa porque não têm subsídio de transporte. E são vítimas de 200 acidentes de trabalho por mês. Tudo isto testemunhou o SP na semana em que foram conhecidos os salários milionários da administração Fernando Pinto

Lado a lado com os salários milionários dos gestores da TAP, e demais regalias atribuídas aos administradores da transportadora aérea portuguesa, existe um cenário negro, que está a indignar os funcionários do aeroporto de Lisboa.
Na semana em que os sindicatos do sector denunciaram a aquisição de 42 novos carros para directores da companhia, o SP dá voz «à revolta» dos operadores de «handling» (assistência em terra) que testemunham «as condições miseráveis» nos seus postos de trabalho. Instalações degradadas, em alguns casos desadequadas à prática profissional e sem requisitos de limpeza dignos, são algumas das críticas apontadas.Os funcionários garantem que «convivem» diariamente com baratas e ratos, pondo em causa a saúde pública; que chegam a passar sede porque não há distribuição de água na «placa» do aeroporto; e que há operadores a dormir nas instalações da empresa para poupar dinheiro nos transportes.
«Depois da situação ter sido resolvida em Lisboa, temos informações de que no aeroporto de Faro a água é sonegada aos funcionários, e estamos a falar de temperaturas que atingem 40 graus no pico do Verão», acusa um dos elementos da Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce – empresa pertencente ao Grupo TAP, que presta a assistência ao transporte aéreo nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal.
«Nos balneários observamos as péssimas condições de higiene: baratas monstruosas, inundações diárias, a caldeira que esteve sem funcionar vários meses seguidos, e tudo isto é secundário para uma administração que, ao mesmo tempo, passa temporadas em hotéis de luxo, dias a fio, com jantaradas incluídas», lamenta Fernando Henriques, coordenador da CT.
«A precariedade chegou a tal ponto, com aposta na subcontratação, que a escravatura da era moderna obriga dezenas de Operadores de Assistência em Escalada da Groundforce (com salários abaixo do ordenado mínimo) a dormir nas instalações do aeroporto para pouparem dinheiro em transportes», acrescenta.

962 acidentes de trabalho em 2008

Os funcionários dos Serviços Portugueses de Handling (SPdH) equiparam as suas condições de trabalho aos países subdesenvolvidos e denunciam a «escandalosa» falta de equipamentos e de meios.
«Temos tapetes, tractores e loaders (veículos para transportar contentores e paletes) com vinte anos, todo o material é escasso, obsoleto e não é renovado, o que potencia centenas de acidentes de trabalho por mês», recordam os membros da CT ao testemunhar: «Há cerca de dois anos uma escada que estava podre cedeu, caiu um passageiro de uma altura de três metros, temos colegas que ficaram tetraplégicos e outros que regularmente partem pernas, braços e ficam com deficiências graves».
Só no ano passado, segundo dados da CT da SPdH, ocorreram perto de mil acidentes, mais concretamente 962 no universo de 3000 trabalhadores. Em toda a escala da Groudforce, a média é de 200 acidentes por mês, e de ano para ano os acidentes têm vindo a aumentar. «Não é difícil chegar a estes valores quando trabalhamos com falta de pessoal e de material e estamos sujeitos a uma pressão enorme».


A azeitona e o caviar

«Afronta», «imoralidade», «vergonha». Estas são as palavras que as duas Comissões de Trabalhadores do Grupo TAP utilizam para classificar os rendimentos dos administradores da empresa presidida por Fernando Pinto.
«Bons salários, bons prémios, excelentes carros e ajudas de custo para tudo, para nós resta sempre o carimbo da crise», diz indignado Vítor Baeta, da CT da TAP.
Em tempos de crise a administração «não atacou outros compromissos contratuais com alguns dos seus quadros considerados o caviar», rematam os trabalhadores ao recordar uma frase proferida por Fernando Pinto, durante uma recente reunião onde estiveram presentes. «Prefiro retirar uma azeitona à classe económica que o caviar à classe executiva», terá dito o presidente da companhia aérea.
O SP tentou ouvir a administração da TAP. Até à hora do fecho da edição não nos chegou qualquer resposta por parte do gabinete de Relações Públicas e Comunicação.



Isabel Guerreiro (Texto)
Xana Duarte (Foto)


Os luxos da gestão Fernando Pinto

> «Excursão de trabalho» ao Brasil. O SP sabe que, no mês passado, algumas dezenas de quadros da área dos Recursos Humanos do grupo TAP rumaram a Belo Horizonte para participarem numa acção de formação, com direito a pagamento integral das despesas. Estima-se que o custo total da «semana de trabalho» terá atingido os 70 mil euros. Os trabalhadores questionam que ganho obteve a TAP com tal medida. Consta que foram tomadas decisões de alteração do organigrama da empresa mas que acabaram por não ser concretizados porque o Conselho Geral não autorizou. Como o SP apurou, paralelamente existem operadores de escala (com vencimentos abaixo do salário mínimo) a pagar do seu bolso acções de formação profissional que podem chegar aos 960 euros.
> Salários milionários. Apesar da administração desmentir, as estruturas sindicais do sector continuam a frisar que os rendimentos declarados por Fernando Pinto em 2008 totalizaram «816 mil euros, duplicando os de 2007», e que as despesas com salários dos membros dos órgãos sociais do grupo TAP ascenderam a «3,88 milhões» de euros em 2008, «mais de 17 por cento em relação a 2007». Um comunicado interno da administração garante que «os prémios relativos a 2006 só foram pagos em 2008, pelo que apenas na declaração de rendimentos deste ano foram incluídos»
> €1 milhão para carros de administradores. Junto ao edifício 25 e Museu TAP podem ser vistas as novas viaturas da polémica. A compra de 42 automóveis top gama de marca Citroen para os directores da transportadora indignou os trabalhadores. Segundo a TAP, a substituição de viaturas de serviço vai permitir uma poupança de 199 mil euros nos próximos quatro anos. «Para uns continuarem a comer camarão, os outros trabalhadores se calhar nem uma sopinha vão poder saborear», diz a CT da Groundforce, ao garantir que a poupança de 200 mil euros equivale a gastar, nesses mesmos quatro anos, mais de um milhão de euros. (30 mil euros x 42 viaturas = €1 milhão de euros). Este valor não inclui os gastos com os motoristas particulares do presidente do Conselho de Supervisão, Manuel Pinto Barbosa, e do próprio Fernando Pinto.
> €220 mil para alojamento de 4 administradores. O subsídio de alojamento atribuído a Fernando Pinto, assim como aos seus colegas brasileiros do Conselho de Administração é de 54 mil euros por ano. Só em despesas de alojamento, os administradores Michael Conolly, Luíz Mor, Manoel Torres e Fernando Pinto custam à empresa 220 mil euros. No entanto, houve uma proposta da administração para acabar com os subsídios de transporte dos funcionários que iniciam funções antes das 7 da manhã. Os trabalhadores suspeitam que Fernando Pinto já tem dupla nacionalidade e garantem que o presidente da TAP comprou uma casa na Beloura, Sintra, onde vive. Consta nos bastidores, que quando o gestor trocou o Brasil por Portugal também a mulher, professora universitária, «recebia um 'subsídio de inserção social' equivalente a 3 mil euros».
> Directores aumentam. Desde a entrada de Fernando Pinto na administração da TAP, em 2000, os directores da empresa passaram de 5 para 30.
> «Gestão ruinosa». Segundo a CT da SPdH, as quatro empresas de subcontratação (Kelly, Omniteam, Adecco e Carristur) custaram à empresa 11 milhões de euros (em 2008 e 2007, respectivamente). «Numa empresa que espera 30 milhões de prejuízo este ano (Groundforce) há 13 salários milionários acima dos 5 mil euros/base», sublinha a CT ao acrescentar: «Em 2006 foi comprado um sistema informático a uma empresa suíça, que custou 2 milhões de euros, o chamado INFORM era para estar operacional em 2007, mas continua sem funcionar na íntegra e só contribuiu para a duplicação de chefias». Os trabalhadores que acusam a administração de «gestão ruinosa» temem ainda que a recente redução do capital social de 8 milhões de euros para meio milhão «é um sinal de que a Groundforce caminha para a insolvência». Talvez só depois das eleições de Setembro para não criar conflito social, prevêem.


IG
Milhões de prejuízos

> Recorde-se que a transportadora aérea TAP registou um prejuízo de 72,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2009. No ano passado e fruto da crise internacional a TAP apresentou prejuízos de cerca de 285 milhões de euros.
No entanto, a Comissão de Trabalhadores da TAP entende que os números revelados pela companhia não incluem todos os custos da totalidade das empresas do grupo. A CT considera que ficaram por contabilizar vários encargos mensais da transportadora, nomeadamente os empréstimos de leasings, os custos que a TAP está a ter com empresas como a manutenção e engenharia no Brasil (VEM), a PGA e os serviços portugueses de handling.
«O único aspecto interessante da administração Fernando Pinto foi alterar a imagem externa da companhia que era bastante má – aí jogou o marketing – e relançar a nossa rede com a abertura da base do Porto ao longo curso…. e não tenho imaginação para mais!», ironiza Vítor Baeta. «A imagem externa é apenas marketing mas os problemas dentro da empresa são bastante diferentes», conclui.


IG
SP Nº7, 12 de Agosto 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Editorial


Zé Maria e a sociedade do espectáculo


Nuno Filipe
privado.nfilipe@gmail.com

«A Sociedade do Espectáculo» é o livro mais conhecido do escritor francês Guy Debord (1931-1994). É uma obra fundamental para compreendermos a sociedade em que (sobre)vivemos. É o resultado de uma série de debates, de muita pesquisa e inúmeras leituras à volta dos conceitos desenvolvidos por Marx. As teorias de Debord explicam a debilidade espiritual, tanto na esfera pública como na privada, a partir da acção de forças económicas que dominaram a Europa depois da modernização decorrente do fim da Segunda Grande Guerra. O livro é de uma actualidade e universalidade surpreendentes, inauditas. Ou seja, Debord descreveu, com raríssima lucidez, a sociedade em que viveu durante a II Guerra Mundial e, hoje, as projecções do intelectual parisiense não só se confirmam como se amplificam brutalmente. Ou seja, cada vez mais, nos nossos dias, o espectáculo sobrepõe-se à vida humana e à realidade. «O espectáculo é o mau sonho da sociedade acorrentada, que finalmente não exprime senão o seu desejo de dormir. O espectáculo é o guardião deste sonho», lê-se. De facto, vivemos num tempo em que a imagem é mais importante do que o conteúdo, em que a publicidade massiva, o marketing político e vários lóbis mandam mais do que as ideias inovadoras de alguns seres humanos, o carácter, a honra, os sonhos do verdadeiro, sustentado, progresso. Ganha-se mal, consome-se muito e do mau, e sonha-se com contos de fada e mundos cor-de-rosa que perpassam a vida fútil de Paris Hilton ou os pés talentosos de Cristiano Ronaldo. Espreitamos as casas das celebridades, os namoros e os divórcios, as desilusões e as desgraças, os vícios e as virtudes. A Natureza está-nos a avisar, a Economia entrou em colapso, anuncia-se o fim das ideologias. Por isso não é de estranhar que Michael Jackson tenha morrido, deprimido, só, preso à sua imagem, aos 50 anos, e que Zé Maria, o rapaz deprimido e solitário de Barrancos, outrora ídolo dos portugueses e estrela maior do nosso primeiro Big Brother, queira contar o drama que foi a sua vida de sucesso... por 50 mil euros.

SP Nº7, 12 de agosto 2009

Ponta & Mola


O meu «corrupto» é melhor que o teu

António Manuel Pinho
privado.apinho@gmail.com

À falta de razões maiores, os mentideros da política nacional direccionaram-se, agora, para as escolhas da senhora Ferreira Leite. «Arrogante», «sectária», «acertar de contas» foram coisas que se ouviram amplamente, as mais das vezes ventiladas pelos «barões» apeadas das mordomias de S. Bento.
O que me parece relevante, para além deste pouco digno lavar de roupa suja, é a inclusão de dois nomes [António Preto e Helena Lopes da Costa] na lista de deputados. É que tal facto – e independentemente do direito à presunção de inocência, que lhes assiste -, vem macular a imagem de «seriedade» e «verdade» com que a máquina de propaganda laranja tem vindo a produzir uma Ferreira Leite «próxima do povo» e «referencial da ética política».


Aparentemente – embora se reconheçam os «disparates» que a senhora vem destilando -, nada faria prever que a líder do PSD, depois de consecutivos discursos sobre «transparência», fosse convidar para candidatas pessoas arguidas em processos judiciais. Mas, por outro lado, se remontarmos a anos atrás, quando Ferreira Leite era presidente da Distrital de Lisboa, percebemos serem os agora suspeitos os principais responsáveis pela caminhada ascendente da senhora à liderança do partido... Ora, favores tão grandes pagam-se!

Porém, o preço pago por favores passados, pode revelar-se trágico do ponto de vista do futuro. É que o discurso da «ética» e «transparência», como arma de arremesso contra Sócrates e o PS, vai pelo esgoto abaixo corruído pelos pés de barro que o comporta.

Aqueles que, demagogicamente, se ancoram no regaço laranja como «trincheira de ética política», para supostamente combaterem as tropelias socialistas, estarão, certamente, a engolir em seco. É que, tal como o discurso de Ferreira Leite, a sua posição tem pés de barro e os «corruptos» e outras alimárias não são exclusivo [bem pelo contrário] do universo «socratino»!

SP Nº7, 12 de Agosto 2009

O Fio da Navalha


Sejam felizes

José Leite

privado.leite@gmail.com

«Façam o favor de ser felizes». Esta frase de Raul Solnado exprimia a sua forma de estar na vida e bem poderia servir de lição para os notáveis que governam o «rectângulo». A bondade, humanidade e solidariedade com os amigos caídos em desgraça – como foi o caso de Carlos Cruz, cujo envolvimento no processo Casa Pia constituiu para o actor um profundo desgosto, quase mortal… - e, principalmente, a forma simples e inteligente de estar na vida e de fazer humor (quem não liga à rábula « Alô? É do Inimigo?...»), com uma critica mordaz à guerra colonial – bem poderiam servir de referência de vida para os políticos, habituados que estão a complicar aquilo que é fácil… Por exemplo, como seria simples Manuela Ferreira Leite ter um gesto de grande elevação e sabedoria se contemplasse nas suas listas para deputados pessoas que lhe fazem oposição interna, como é o caso de Pedro Passos Coelho, ao invés de nomear amigos partidários a contas com a justiça, só porque carregam malas cheias de dinheiro para o partido? Será que neste tempo de assinaláveis revezes para o partido que lidera, Sócrates não granjearia mais apoios eleitorais, principalmente vindos de gente da Ciência e da Cultura, se não vetasse João Lobo Antunes para o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, como retaliação pelo protagonismo que o médico teve no caso do Testamento Vital, uma proposta de lei do PS que mereceu um parecer negativo do Conselho, a que J.L.A. esteve ligado?

Decididamente, Solnado estava acima destas intrigas palacianas e vivia com amargura o trágico destino a que o país está votado, sentindo-se sem forças de fazer algo para mudar este estado de coisas – ele que desempenhou bem esse papel ao criar o «Zip Zip» na Primavera Marcelista. No limbo do Céu, é provável que a galhofa se tenha instalado com a chegada de Raul Solnado. Por cá, continua esta «porca miséria», agora, cada vez mais triste, com a partida de um homem que, a brincar, dizia coisas muito sérias, facilmente entendidas pelo povo que o amava e idolatrava. Soubessem os políticos seguir-lhe o exemplo…


SP Nº7, 12 de Agosto 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Amanhã nas bancas, a Edição Nº7

A edição de 12 de Agosto do «Semanário Privado» revela o lado «negro» da TAP. Trabalhadores «convivem» com baratas e ratos, dormem na empresa para poupar nos transportes e são vítimas de 100 acidentes de trabalho por mês. Paralelamente, revelamos os salários milionários da administração e as benesses dos directores que, na gestão de Fernando Pinto, passaram de 5 a 30.

Medicamentos fora de controlo. Há dezenas de empresas ilegais a operar em Portugal e mais de 80 toneladas de fármacos estão em armazéns espalhados pelo País, colocando em risco a saúde pública, escreve o jornal.

Trabalhadores das Pousadas de Portugal queixam-se de um clima de «terror e ameaças», que pode evoluir para uma greve geral.

A edição nº7 do SP publica ainda a história de um advogado galego que pede asilo político a Portugal e acusa «secreta» espanhola de aplicar «métodos pidescos» para impedir o uso da Língua Portuguesa na Galiza.

Os jornalistas do SP andaram de transportes públicos e encontraram utentes à «beira de um ataque de nervos».

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Editorial

Chamam-nos sensacionalistas

Filipe Pinto
privado.fpinto@gmail.com

É verdade que apelamos às sensações, mas, ao fazê-lo, não cumprimos mais do que o nosso dever. A nossa missão não é «despejar» dados. A nossa missão é informar devidamente quem nos lê. Vivemos num tempo em que a Mentira é já uma Instituição – desde o governo aos grandes grupos económicos – e em que os factos, por si só, não chegam para fazer compreender a verdade. O jornalista é um meio de intervenção – é esse o nosso dever, mesmo que muitos dos da nossa classe, que vivem do «despejar» informação em palavras, vejam o assumir deste com desdém. Se a filha de um autarca consegue uma licença para instalar uma empresa num prédio devoluto, esta informação não basta para chegar ao conhecimento dos factos. É preciso chamar «ladrão» a quem o faz, porque, dessa forma, está no poder e no mercado de forma desleal para com os seus cidadãos. Se a lei obriga, aos milhares de trabalhadores a recibos verdes, a todos os meses pagar à Segurança Social o valor mínimo de €151.58 – quer aufiram ou não quaisquer rendimentos no mês anterior – e, ainda assim, não os protege com o direito ao subsídio de desemprego, entre outros, não basta informar que os trabalhadores a recibos verdes trabalham sob estas condições. Temos de «chamar os bois pelo nome» e dizer que temos um Estado, através da sua, ironicamente chamada Segurança Social, vampiro e ladrão do próprio povo, obrigando milhares, sem dinheiro e sem direitos, a manter, a título de exemplo, duplas e triplas reformas, salários e prémios milionários aos instalados do sistema. Milhares esses que estão completamente desprotegidos pelo mesmo. Se, para levar à compreensão da realidade, temos de interpretar os factos e ser, porque não, subjectivos, então não podemos nem vamos ter medo de o fazer. É maior a nossa responsabilidade, é certo, e sabemos que dificilmente vamos encontrar eco na sociedade aí fora. Mas um dever é um dever, e este é o nosso: ser a voz de quem não a tem, ser o dedo acusador que se levanta quando os outros têm medo. Se procura palavras bonitas ou prosas poéticas, não vale a pena passar desta página. Se procura o desconforto de quem não se ilude mais com as aparências, então vire a página e continue – fique connosco.

SP, Nº6, 5 de Agosto 2009

Ponta & Mola

A «alternância»

António Manuel Pinho
privado.apinho@gmail.com

A gestão bipolar do poder, executada por PS e PSD, tem dominado a vida política desde 1976. Os resultados estão aí. Portugal vive uma das maiores crises da sua História, com responsabilidades partilhadas por estes dois partidos. E, pior ainda, atravessa um período de descrédito daquela que deveria ser a actividade mais importante do ser humano: a política!
Quando o povo diz «os políticos são uns aldrabões», está objectivamente a referir-se àqueles que têm dirigido os destinos do País: PS e PSD, mais o acessório conveniente chamado CDS-PP que, historicamente, é conhecido como almofada aconchegante dos governos do «centrão».


Erradamente, faz-se passar a ideia que a rotatividade socialista e social-democrata corresponde a uma «salutar alternância» de poder. Esta falácia procura esconder que, um e outro, têm adoptado a mesma lógica de orientação política que, nos últimos anos, deslocou a economia do terreno da produção para a especulação financeira – responsável, diga-se de passagem, pela grave crise internacional que atravessamos.

E quando, no mínimo, até por uma questão de bom senso, seria exigível a implementação de outro modelo económico, os mesmos continuam a defender as mesmas políticas. Nomeadamente, fornecendo meios financeiros aos vigaristas que usaram a banca para enriquecer ilicitamente; ao mesmo tempo que votam ao desespero centenas de pequenos e médios empresários ameaçados pela falência, e milhares de trabalhadores vítimas do desemprego e da miséria.

A «alternância» já se viu do que é capaz. Continuar a alimentar esperanças no «centrão» dos interesses e dos tráficos de influências será trágico para o País. A Esquerda e a Direita política - que não estão enfeudadas ao regabofe sistémico - têm de encontrar um novo rumo para Portugal, que passará necessariamente pela ruptura com este regime e a refundação da ética republicana.

SP, Nº6, 5 de Agosto 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Edição Nº6 > 32 PÁGINAS A CORES mais secções, mais informação

A edição de 5 de Agosto do Semanário Privado faz manchete com a denúncia de uma paciente do médico das celebridades, Ângelo Rebelo. A jovem, acusa o clínico de negligência médica e avança judicialmente com um pedido de indemnização de € 150 mil. Rebelo nega tudo e insinua «tentativas de extorsão»

Um ex-administrador da EMEL acusa o executivo de António Costa de ter «abafado» um escândalo de milhões, e explica os «esquemas» estranhos de gestão da empresa, comparando-os aos do BPN.

O caso da manta desaparecida, referido na edição de 1 de Julho, pode ser a chave do mistério que permita reabrir o processo Maddie.

Quem denunciou a conta suíça de Pinto da Costa, foi Filomena – a sua esposa, por altura do processo de divórcio referente ao primeiro matrimónio do casal.
As polícias confessam-se impotentes para combater a lavagem de dinheiro e as negociatas dos ofshores.

Os portugueses queixam-se da saúde que temos. «Voz do Povo» traça um retrato vivo de um dia num centro de saúde da capital.

Pela Liberdade de Imprensa

Pela Liberdade de Imprensa
CONTRA A MORDAÇA E A CRIMINALIZAÇÃO DE JORNALISTAS. A LIBERDADE NÃO SE DISCUTE!

Jornal PRIVADO, Informação Pública

Porque o JORNALISMO não é o mesmo que vender lentilhas. Porque um JORNAL deve ser a última trincheira da liberdade. E porque os JORNALISTAS não são moços de recados.


Escrevinhadores no activo

ANTÓNIO ALTE PINHO

ANTÓNIO PEDRO DORES

JOSÉ LEITE

JOSÉ PEDRO NAMORA

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MÁRIO LESTON BANDEIRA

PEDRO QUARTIN GRAÇA


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